Trabalho em home office desde 2018 e não pretendo voltar ao escritório. Essa experiência me transformou completamente: melhorei minha produtividade, e minha qualidade de vida aumentou muito.

    Para quem pensa que trabalhar em casa é fácil, está enganado. Conheço o tema e posso afirmar que, na verdade, é mais complicado do que parece.

    ### O que mudou na minha vida

    Antes de ser home office, eu passava quatro horas por dia no trânsito. Quatro horas! Isso mesmo! O dia começava cedo, às 5h da manhã. Pegava ônibus e metrô lotados, enfrentava o trânsito e chegava no trabalho cansada.

    No final do expediente, era a mesma coisa: metrô, ônibus, mais trânsito. Chegava em casa exausta, sem ânimo nem para um bom jantar. E sempre tinha aqueles perrengues: ônibus quebrado, metrô parado, chuva atrapalhando tudo. Às vezes, perdia até cinco horas só nisso.

    Quando entrei no home office, essas quatro horas voltaram para mim. Agora, esse tempo é meu. Uso para trabalhar melhor, cuidar da saúde e aproveitar a vida.

    Acordo, tomo café, me arrumo, medito, dou uma alongada e ligo o computador. Pronto! Estou trabalhando. Quando finalizei minhas tarefas, fecho o computador e estou em casa. Posso relaxar, cozinhar, treinar ou brincar com meus gatinhos.

    ### Se você acha que home office é moleza

    Muita gente tem a ideia de que trabalhar de casa é ficar de pijama assistindo séries. Acham que é só trabalhar meia hora e depois distraído o dia inteiro. Não é bem assim.

    Quem realmente faz home office sabe que o trabalho aumenta. A gente acaba trabalhando mais, sim. Sem horário fixo para sair, não existe a pressão de todo mundo levantando às 18h. Você está em casa, e sempre há algo a mais para fazer.

    E você faz isso porque está no seu ambiente, se sente mais confortável e concentrado, sem interrupções.

    No escritório, tudo é diferente. As pessoas conversam o tempo todo. Fulano quer saber de algo que não tem a ver com trabalho. Reuniões que poderiam ser um simples e-mail. Barulho por toda parte.

    Em casa, você controla seu ambiente. Trabalha quando está mais produtivo e pode parar quando precisa. E a produção vai lá em cima.

    Porém, tem quem não saiba fazer essa separação. Trabalham até tarde, aos fins de semana, e nunca conseguem desligar. Nesses casos, pode ocorrer o burnout. Isso, claro, é falta de limite. E, para ter limites, é importante em qualquer lugar.

    ### Empresas que obrigam o presencial estão presas em 2010

    Existem empresas que obrigam seus funcionários a irem ao escritório todos os dias, até para reuniões no Teams. Isso pode parecer antônimo de eficiência. A pessoa só se senta lá por oito horas fazendo o que poderia fazer em casa.

    Por que isso acontece? Muitas vezes, é pela desconfiança do chefe. Ele acha que se a pessoa não estiver à vista, não está trabalhando.

    Essa mentalidade é ultrapassada. É uma forma de controle, não de focar em resultados. Para quem não quer trabalhar, não faz diferença o local. Pode estar no escritório ou em casa; a pessoa sempre vai dar seu jeito de não produzir.

    A importância é você entregar o que foi pedido, com qualidade e dentro do prazo. Se fez isso, a localização não importa.

    Obrigar o trabalho presencial quando tudo pode ser feito remotamente é perda de tempo e recursos. Isso afeta tanto os colaboradores quanto as empresas.

    ### Os benefícios do home office

    Além de economizar o tempo de deslocamento, o home office traz vários outros pontos positivos. Um deles é a alimentação. Em casa, você pode cozinhar e escolher o que comer, em vez de depender de almoços fora ou marmitas.

    Você gasta menos. Sem necessidade de gastar com transporte, roupas formais ou refeições fora. Ao final do mês, a economia é enorme.

    Você se cuida melhor. Pode incluir exercícios na sua rotina, ir ao médico sem perder tempo de trabalho e dormir melhor. Pode organizar seu dia da maneira mais eficiente para você.

    E aproveitar o tempo que sobrava com o trânsito é a melhor parte. Você tem mais vida para viver, mais momentos para compartilhar com quem ama.

    ### As desvantagens que existem

    Embora sejam muitos os benefícios, o home office também apresenta desafios. A solidão é um deles. Se você mora sozinho, pode passar o dia sem ver ninguém, sem trocar ideias. Para alguns, isso pesa bastante.

    Outro problema é a falta de limites. Trabalhar demais, misturando a vida pessoal com o profissional, pode causar estresse e bagunça. Além disso, é preciso ter uma boa infraestrutura. Internet estável, um bom computador e um local organizado são essenciais para quem trabalha em casa.

    Mas tudo isso tem solução. Você pode optar por espaços de coworking em alguns dias ou marcar encontros com amigos após o trabalho. Criar uma rotina para desligar o computador em um horário fixo e investir em equipamentos adequados também são ótimas saídas.

    Ninguém está dizendo que o home office é perfeito, mas as desvantagens podem ser superadas.

    ### Quem trabalha, trabalha em qualquer lugar

    A grande questão é: a pessoa está comprometida ou não?

    Quem realmente se dedica entrega resultados em qualquer lugar. Não importa se está em casa, no escritório ou viajando; a responsabilidade deve prevalecer.

    Para quem não leva a sério, não faz diferença estar preso no escritório. Vai dar um jeito de alisar o trabalho, mesmo lá dentro.

    É importante parar de achar que o ambiente determina a produtividade. O espaço é só um detalhe. O realmente importante é a atitude de quem trabalha.

    E para quem leva seu trabalho a sério, o home office é liberdade total. Liberdade para ter maior controle sobre o tempo e a forma como se trabalha.

    ### Conclusão

    Eu decidi que não volto mais para o presencial. Aprendi que posso ser mais produtivo, fazer as coisas de forma mais eficiente e viver melhor, sem perder horas no trânsito.

    E as empresas que não reconhecem isso estão perdendo. O mercado de trabalho mudou. Continuar mantendo pessoas em um escritório enquanto poderiam estar trabalhando de forma remota é um atraso. É preciso confiar nos resultados e oferecer autonomia. O home office é um avanço e ignorá-lo pode custar caro para as empresas que não se adaptarem.

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    Formado em Engenharia de Alimentos pela UEFS, Nilson Tales trabalhou durante 25 anos na indústria de alimentos, mais especificamente em laticínios. Depois de 30 anos, decidiu dedicar-se ao seu livro, que está para ser lançado, sobre as Táticas Indústrias de grandes empresas. Encara como hobby a escrita dos artigos no Curioso do Dia e vê como uma oportunidade de se aproximar da nova geração.