Descubra as técnicas dos sound designers para construir trovões dramáticos e realistas no filme, com camadas, gravações e processamento.

    Como criam trovões falsos em The Revenant? Se você já sentiu o impacto sonoro das tempestades no filme, sabe que aquele estrondo não é só um microfone apontado para o céu. Neste texto eu explico, passo a passo, como os sound designers recriaram trovões — misturando gravações de campo, elementos sintéticos, processamento e Foley — para chegar a um resultado visceral e crível.

    Vou mostrar práticas usadas no set e na pós-produção, exemplos simples que você pode testar em casa e um roteiro claro para montar seu próprio trovão falso. A ideia é que você entenda o raciocínio por trás das decisões sonoras, não só a lista de ferramentas.

    O desafio do som no filme

    Em The Revenant, o som é parte da narrativa. Não basta ter um ruído alto: o trovão precisa encaixar em ritmo, textura e espaço. O filme usa microdinâmicas — sons pequenos que crescem — e trovões que reforçam emoção, não que apenas surpreendam.

    Gravar trovões reais tem limitações: variabilidade, ruído ambiente e risco. Por isso a equipe recorre a técnicas de design de som para controlar frequência, duração e profundidade do estrondo.

    Técnicas e ferramentas usadas

    O processo é sobre camadas. Nenhum trovão em grande produção é uma fonte única. É a soma de muitas, cada uma com função:

    1. Gravações de campo: capturam ambiência e texturas naturais que servem de base.
    2. Sintetizadores e sub-bass: criam o impacto de baixa frequência que você sente no peito.
    3. Foley e objetos metálicos: produzem ruídos de impacto e reverberações orgânicas.
    4. Processamento: equalização, compressão e pitch shifting para moldar o som.
    5. Convolution e reverbs: colocam o trovão em um espaço realista.

    Cada camada é tratada separadamente e depois mixada para que não compitam entre si. O resultado é um trovão com caráter e presença, sem soar artificial.

    Exemplos de fontes utilizadas

    Sound designers costumam gravar tambores muito grandes, tubos metálicos ocos, portas batendo e placas de metal sendo sacudidas. Tubos de PVC e tambores com cordas soltas criam sons graves únicos.

    Também se usa sintetizadores analógicos ou plugins que geram ondas senoidais e ruído branco filtrado. Esses sinais são transformados em sub-frequências que adicionam peso.

    Passo a passo para criar trovões falsos

    Aqui vai um roteiro prático para montar um trovão falso que funcione em cena. Use um DAW, um microfone decente e fones ou monitores confiáveis.

    1. Base ambiente: grave ou escolha uma ambiência de tempestade leve como ponto de partida.
    2. Impacto de baixa frequência: gere um sub-bass com sintetizador ou grave um tubo grande; mantenha boas notas longas entre 20 e 80 Hz.
    3. Camada de corpo: acrescente gravações de tambores ou tambores de metal para dar “corpo” ao estrondo.
    4. Detalhes agudos: adicione estalos, trovões curtos e reflexos para dar definição nas altas frequências.
    5. Modelagem: equalize para limpar excesso, use compressão sutil para controlar dinâmica e aplique pitch shift para profundidade.
    6. Espacialização: use reverb por convolução para colocar o trovão no mesmo ambiente da cena; automações ajudam a mover o som com a câmera.
    7. Mix final: ajuste níveis e deixe espaço para diálogos e efeitos. Faça testes em vários sistemas de reprodução.

    Dicas práticas e truques usados em estúdio

    Algumas técnicas simples fazem muita diferença no resultado final.

    Primeiro, use equalização em forma de “shelf” para controlar graves que embolam. Corte o que não contribui para a claridade e deixe a energia onde importa.

    Segundo, experimente combinar pitch shifted layers. Um pequeno deslocamento para baixo em uma camada cria impressão de massa sem perder transientes.

    Terceiro, automações de volume e reverb ajudam a sincronizar o trovão com a ação visual. Às vezes o som começa distante, ganha corpo e depois some; isso dá realismo.

    Quarto, sempre teste o resultado final em sistemas diferentes: fones, TV, som do laptop e caixas com subwoofer. Se quiser observar diferenças de mix no seu ecossistema de reprodução, faça um teste IPTV de modo imediato para comparar como sub-frequências e reverbs se comportam em streaming.

    Exemplo prático para tentar em casa

    Grave um tambor grande (ou use um sample). Duplique a faixa:

    Na primeira, aplique um filtro passa-baixo e adicione reverb longo. Na segunda, aplique pitch shift para -4 semitons e compressão forte. Combine as duas, adicione um pouco de ruído branco filtrado para brilho e ajuste o volume do sub. Em poucos minutos você terá um trovão convincente.

    Erros comuns e como evitá-los

    Evite exagerar no sub sem limpar médios. Graves demais podem mascarar diálogos e outros efeitos.

    Não confie em uma única fonte. Camadas insuficientes deixam o som plano. Teste combinacões e mantenha sempre uma trilha de referência.

    O processo de criação de trovões em The Revenant envolve pensamento narrativo e técnico. É sobre escolher fontes, moldá-las e colocá-las no espaço certo para apoiar a cena.

    Em resumo: monte camadas, use gravações orgânicas e síntese, processe com cuidado e teste em vários sistemas. Aplicando essas dicas, você pode recriar o impacto sonoro que existe em The Revenant. Agora é com você: experimente as etapas e ajuste até sentir o estrondo certo. Como criam trovões falsos em The Revenant?

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    Formado em Engenharia de Alimentos pela UEFS, Nilson Tales trabalhou durante 25 anos na indústria de alimentos, mais especificamente em laticínios. Depois de 30 anos, decidiu dedicar-se ao seu livro, que está para ser lançado, sobre as Táticas Indústrias de grandes empresas. Encara como hobby a escrita dos artigos no Curioso do Dia e vê como uma oportunidade de se aproximar da nova geração.