A ortorexia psicológica destaca a nossa busca pela perfeição, que muitas vezes nos afasta de quem realmente somos. Equilíbrio não está em fazer mais, mas em viver com leveza e aceitar que ser humano é ser imperfeito e completo ao mesmo tempo.
Vivemos um tempo de desenvolvimento pessoal, onde cada dia somos bombardeados por dicas de como melhorar: comer bem, dormir melhor, estudar mais e cuidar da mente. À primeira vista, parece ser algo bom. Mas essa busca constante pela perfeição pode ser uma prisão emocional.
A psicoterapeuta Seerut Chawla trouxe à tona o termo ortorexia psicológica, que se refere a essa obsessão atual. Esse comportamento é uma compulsão por alcançar uma vida perfeita, seja em saúde, produtividade ou equilíbrio emocional. A busca por um “eu ideal” pode se tornar uma armadilha.
Começa com pequenas mudanças, mas o que era pra ser positivo se transforma em ansiedade e culpa. Quando algo sai do planejado, a angústia aumenta. A busca saudável por autoconhecimento vira autocrítica. Essa busca pela “perfeição emocional” é um mito que aprisiona, criando ciclos de cobrança e cansaço.
### O que é a ortorexia psicológica?
A ortorexia psicológica é mais sobre a mente do que sobre a alimentação. É um comportamento obsessivo que se concentra na busca por viver da maneira perfeita: produtiva, saudável e feliz. É como se existisse uma versão ideal de nós mesmos, um padrão de felicidade e bem-estar que todos devemos seguir.
Essa busca pela harmonia começa de forma inocente. A pessoa acredita que pequenas mudanças vão trazer um equilíbrio. Mas, com o tempo, essa ideia se transforma em uma fonte de ansiedade. A liberdade do autocuidado é substituída por uma pressão constante para não falhar.
### A influência das redes sociais na ortorexia psicológica
Quando falamos de ortorexia psicológica, temos que considerar o impacto das redes sociais. No dia a dia, somos expostos a pessoas que parecem estar sempre equilibradas, felizes e produtivas. Elas acordam cedo, meditam, praticam yoga, cozinham saudavelmente e ainda acham tempo para ler.
Esse “mundo perfeito” digital cria padrões que são impossíveis de alcançar. Vamos comparando nossas falhas com o que vemos nas redes. O celular acaba se tornando um reflexo de expectativas irreais e reforça a ideia de que nunca estamos fazendo o suficiente.
Os especialistas dizem que essa exposição contínua alimenta um sentimento de inadequação. Vivemos em constante “modo melhoria”, sem espaço para simplesmente sermos nós mesmos. Essa busca incessante pode acabar nos prejudicando e gerando estresse.
### O perigo da busca por equilíbrio perfeito
A ortorexia psicológica é uma cilada que se esconde atrás do autocuidado. Essa busca se disfarça, enquanto por trás dela está a rigidez e o medo de não ser bom o bastante. Muitas vezes, medimos nosso valor pelas tarefas que realizamos e por como seguimos nossos hábitos.
Porém, viver intensamente não é eliminar o caos da vida, e sim aprender a conviver com ele. O verdadeiro equilíbrio vem da aceitação e não da imposição. Ter o desejo de ser melhor é normal, mas quando isso vira cobrança constante, deixa de ser um caminho de crescimento e se torna um fardo.
### Como encontrar um novo olhar sobre o autocuidado
O primeiro passo para recuperar o equilíbrio genuíno é reconhecer que estamos exagerando. Ao invés de buscar a rotina perfeita, é importante respeitar nossos limites, equilibrando ações e descansos. O autodesenvolvimento deve ser um ato de amor em vez de controle.
Isso significa que devemos permitir-nos errar, desacelerar e valorizar os momentos simples, mesmo que não sejam perfeitos. O verdadeiro caminho para a harmonia não segue uma linha reta, mas é cíclico, assim como a vida.
A ortorexia psicológica é um reflexo do medo coletivo de falhar. Criamos uma cultura que valoriza resultados e esquece a essência humana. No entanto, a paz não está na perfeição, mas na autenticidade.
Buscar crescimento pessoal é saudável, mas transformar isso em uma obrigação nos afasta de nós mesmos. Buscar ser melhor é diferente de viver melhor. E viver melhor é aceitar que equilíbrio não é um lugar fixo, mas um movimento constante entre quem somos e quem podemos ser, sem pressa e sem culpa.
Nesse caminho, é essencial encontrar compaixão por nós mesmos. Valorizar cada passo, mesmo aqueles que são incertos ou imperfeitos é fundamental. A aceitação é a chave para viver de maneira mais autêntica e plena.
Por isso, busque o autoconhecimento, respeite seu tempo, e permita-se ser humano. Esteja aberto aos altos e baixos da vida. Aceite a imperfeição como parte do processo e busque o que faz sentido para você. Afinal, cada um tem seu próprio ritmo e sua forma única de viver.
Aplicando essa perspectiva, podemos nos libertar das amarras da ortorexia psicológica e encontrar um novo jeito de olhar para o autocuidado. Lembrando que, ao final das contas, somos todos humanos em busca de um pouco mais de leveza e compreensão.
